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#TribunaDeMinas #Cultura #JuizDeFora (06:47): https://tribunademinas.com.br/wp-content/uploads/2025/11/Mockup-Brasis-site.jpg ‘Brasis’ já conta com três volumes que reúnem obras nacionais (Foto: Editora Javali / Divulgação) “Brasis Vol. 3” é o novo livro da editora Javali, que reúne em sua produção textos de 20 autores selecionados no país. Entre os escolhidos está o juiz-forano Felipe Moratori, autor de “Valsa pra quem fica”, trabalho selecionado entre mais de 250 inscrições. O escritor explica que o material de dramaturgia foi desenvolvido a partir de processos de pesquisa cênica da Associação Cultural Sala de Giz, espaço da cidade dedicado a ações artísticas e culturais. O lançamento está previsto para 2 de dezembro, em Belo Horizonte, no Cine Santa Tereza, com distribuição gratuita de exemplares e acessibilidade em Libras.
Uma literatura mineira Com origem no ano de 2024, “Valsa pra quem fica” surgiu a partir de um exercício de escrita para a turma de montagem teatral da Sala de Giz. Segundo Felipe, isso é muito característico do seu modo de fazer dramaturgia, pois sempre escreve observando os atores criadores. Ele conta que esse processo inclui tanto os alunos da escola, quanto a própria companhia teatral, além da sua parceria com Bruno Quiossa, no qual ele cultiva uma relação artística e criativa há mais de dez anos.
“Na prática, meu método funciona como uma escuta ativa em cena: proponho e conduzo dispositivos criativos, observo as relações que emergem, as atmosferas que se instauram, os gestos e tensões que aparecem. A partir disso, vou costurando as ações dramáticas, afinando comportamentos e encadeando a trama. A dramaturgia nasce muito da presença, do corpo e do jogo”, conta.
Felipe conta que o texto teve, inicialmente, outro título: “A última valsa a três”. A obra conta a história de uma professora de sociologia que chega à cidade imaginária Campo dos Ipês e busca compreender uma comunidade marcada por perdas e segredos. Para a convocatória da Javali, o autor afirma que revisitou o material inicial, reorganizou a estrutura e o tornou mais adequado ao processo de seleção. Ele avalia que a editora responsável pelo projeto é uma das mais especializadas do país, o que, para ele, representa legitimidade nacional e amplia o alcance de seu trabalho.
“Fazer teatro autoral no Brasil é um ato de resistência. Precisa de muita energia, tempo e uma rede de apoio para conquistar distribuição, visibilidade e reconhecimento, ainda mais quando se cria fora dos grandes centros. Por isso, essa seleção tem um valor ainda maior para mim. Sinto que chego a esse momento com uma voz mais madura e uma consciência poética e política muito mais afinada em relação aos meus desejos criativos. E o texto escolhido pela Javali é um bom exemplo dessa fase”, define Felipe.
Felipe Moratori concentra sua criação em produções relacionadas à memória (Foto: Luis Filipe Fontes)Atmosfera juiz-forana O escritor destaca que esta é a primeira vez que um autor da cidade integra o catálogo da Editora Javali, o que representa uma conquista com peso simbólico e político relevante. Nesse sentido, ele aborda que a curadoria da editora valorizou territórios, vozes e modos de criação a partir dos territórios do Brasil, o que é uma aposta que ele vem fazendo há anos.
“Eu nasci em Juiz de Fora, escolhi permanecer aqui e transformar essa permanência no meu motor artístico. A Sala de Giz, tanto como companhia de teatro quanto associação cultural, é parte central desse projeto de criar raízes e produzir arte a partir do lugar onde vivo. Ser selecionado pela Javali inscreve Juiz de Fora no mapa da dramaturgia nacional contemporânea. Então, mais do que um reconhecimento pessoal, a seleção é a afirmação de que ficar aqui, criar daqui e defender esse território como plataforma de invenção faz sentido.”
Mestre em Artes Cênicas e licenciado em Letras, Felipe atua como dramaturgo, diretor e professor de teatro. Fundador da Sala de Giz, puri e integrante do coletivo indígena Krauma, desenvolve em suas obras investigações sobre Minas Gerais como território mítico. Ele também comenta o novo projeto realizado por meio da Política Nacional Aldir Blanc, com direção dele e de Bruno Quiossa, intitulado “Escuta Raiz”. O trabalho é descrito como um mergulho coletivo em memórias, ancestralidades e imaginários de Juiz de Fora, com previsão de estreia para julho de 2026.
*Estagiária sob supervisão da editora Carolina Leonel
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